Tuesday, November 28, 2006

Entrevista com Radamés Teixeira da Silva

.de















por Andrezza Santos, Marcelo Reggiani e Sandra
Magalhães, 5º período de Design Gráfico da UEM


Radamés Teixeira da Silva, 81, ex-professor de Elementos de Paisagismo, Geometria Descritiva, Planejamento e Composições Exteriores, além de ter ocupado o cargo de vice-reitor da UMA (Universidade Mineira de Arte), tem trabalhos em urbanismo espalhados por toda Belo Horizonte. Trabalhou duro na consolidação da UMA, posteriormente FUMA (Fundação Universidade Mineira de Arte), cuja Escola de Artes Plásticas veio se tornar, por fim, a Escola de Design da UEMG.

O prof. Radamés conta aqui um pouco dos primeiros tempos do ensino de design em Minas Gerais.



Primeiramente gostaríamos que você nos falasse da sua formação.



Radamés - Há muitos anos eu estudei na Escola de Arquitetura da UFMG. Comecei em 45 e terminei em 49. Tem uns 60 anos, 50 e poucos.


Imaginamos que o senhor deva ter trabalhado muito mais com arquitetura do que com design, como foi isso?



Radamés - Eu trabalhei mais com urbanismo. Eu sempre mexi com o aspecto macro da arquitetura.



E qual foi a sua relação com a FUMA, atual Escola de Design da UEMG?



Radamés - Pode-se dizer que eu fui um dos fundadores de lá. Nos não estávamos satisfeitos com a importância que se dava ao design. Não era muito comum se preocupar com decoração, mobiliário, com objetos de maneira geral. Não havia uma preocupação. Então nós propusemos uma série de mudanças nestes aspectos. Da parte da arquitetura eu fui o principal iniciador. Os outros todos vieram por acréscimo. Ou ex-alunos, depois de um determinado tempo já tinham alguns formados, ou mesmo alguns alunos meus aqui da escola de arquitetura da UFMG que eu levei para lá. Quem formou o grupo todo praticamente fui eu, mas tinha também o professor Paulo Campos Cristo que era arquiteto e já era professor da escola quando eu era aluno. Nós dois juntos trabalhamos como arquitetos e começamos a levar para lá os arquitetos que tinham projeção na escola de arquitetura. E deram resultados extraordinários no início da vida da UMA (naquela época era chamada da Universidade Mineira de Arte), porque eram pessoas recém-formadas mas alunos de destaque. Nós fomos fazendo uma seleção e formando a equipe realmente de bons professores. Depois a maioria deles passou a ser professor também daqui da arquitetura. Isso foi, assim, uma síntese do que aconteceu na escola.

E a organização do currículo? Vocês tiveram referência da ESDI? Acredito que na época da formação da FUMA, só existia curso de design na ESDI.

Radamés - Eu não compreendo de onde arranjaram esta coisa de que só existia a ESDI. A ESDI surgiu muito depois. A ESDI apareceu muito depois até dos cursos que surgiram em São Paulo. No museu de arte moderna de São Paulo começaram a acontecer alguns cursos, mas para pessoas muito jovens, crianças, um público mais infantil. Nós aqui na escola seguimos a linha da Bauhaus. A Bauhaus tinha um pessoal onírico, muito doido. Eles tinham uma vida completamente isolada, era praticamente um internato. Bem, foi lá que nós realmente nos inspiramos. Nos EUA já havia alguns cursos que ensinavam design.O pessoal de Chicago, que foi onde realmente a coisa despontou. Nós também buscamos neles informações de algo que poderia constituir uma escola. Quem ficou encarregado da metodização final do currículo era um arquiteto, até alunos aqui da escola de arquitetura, um dos que levamos para lá.E realmente nós começamos assim. Foi um trabalho muito difícil porque nós tivemos um aluno durante dois ou três anos. Daí começaram a aparecer outros alunos e nós pudemos, então, desenvolver as atividades da escola. A UMA era uma universidade de artes mesmo, tinha música, teatro, tinha tudo. A escola de artes plásticas tinha quatro cursos, que eram decoração, praticamente o design e arquitetura micro por assim dizer, tinha licenciatura em desenho, que era a coisa mais importante que nós tínhamos. Não era o design. Já mais ou menos pensando que nós queríamos professores de desenho que descobrissem, mais ou menos, nas escolas secundárias, alunos que tivessem capacidade, aptidão e outras coisas bem acentuadas para se tornarem alunos da
UMA. Esse era o fundamento, nós nos preocupávamos mais com isso do que com o design. O design para nós era um objetivo fundamental, mas nós sabíamos que não tínhamos alunos. Eu tive pais de alunos que ficaram com raiva de mim porque eu aconselhei seus filhos a estudar design (risos). Naquela época, curso universitário era direito, engenharia, medicina, odontologia, essas coisas mais aceitas. Então era uma coisa muito séria. Mas nós fomos com muito cuidado, durante muitos anos e conseguimos um negócio semelhante ao da Bauhaus. Eu falo na maneira de se pensar, na maneira de se fazer. O aluno vivia ali na escola, como no caso da Bauhaus. Só que na Bauhaus eles moravam lá dentro. Era um espírito um pouco diferente das demais escolas. Então depois, muitos anos depois, surgiram cursos de design em São Paulo e depois a ESDI. Eu tinha documentação completa, inclusive com reclamações dos professores da escola de belas artes que alegavam que Belo Horizonte já tinham um curso de design. Mas eles não tinham essas coisas todas. Eu levei esta documentação toda ao diretório mas eles perderam aquilo tudo, jogaram fora, qualquer coisa assim. Era ainda a civilização que nós tínhamos. Para eles aqueles documentos não tinham valor. Era uma coleção que eu tive o cuidado de preparar e que se perdeu tudo. Não tem nada mais sobre a escola. É normal, era normal e seria admissível. Imprudente fui eu que supervalorizei a condição, a dedicação, a condição cultural dos alunos. Os
dois primeiros alunos não haviam terminado o 2° grau quando fizeram o vestibular. Porque naquela época se o curso não fosse ainda reconhecido e se o aluno cursasse a escola, no reconhecimento do curso automaticamente reconhecia o diploma dos alunos. Então nós pegávamos estes alunos. Nós não tínhamos alunos e o sonho de muitos alunos era fazer arquitetura logo quando saíssem da escola... Era um período muito difícil... Nós tínhamos também um quarto curso, o de publicidade, que era chamado de curso de reclame. Não existia televisão naquela época. Então quando íamos ao cinema, antes de passar o filme eles passavam alguns anúncios. A gente chamava isso de reclame. Inicialmente este era o curso menos seguido, embora tivesse uma dedicação muito grande. Deve estar lá ainda o Eurico, não está?


Sim, está.


Radamés - O Eurico foi a pessoa que manteve o curso, até dar para ele uma substância. Foi um trabalho muito difícil e principalmente porque nem a sociedade, nem o governo e nem o próprio aluno dava valor àquilo. O aluno que ia para lá era mais ou menos o aluno que tinha tomado bomba no vestibular de arquitetura... Custou muito a chegar ao nível que é hoje. Hoje não, hoje eu considero a escola como um verdadeiro milagre. Com todas as dificuldades, com todo desprezo que a sociedade e o governo tiveram por ela, ela está aí cheia de prêmios, até de natureza internacional. Foi bom, custou muito, custou muita dificuldade. Eu mesmo era a pessoa que aguentava o curso todo. Havia o reitor e eu era o vice-reitor. Muitas vezes eu tive que cercar alunos no portão porque eles estavam querendo ir embora. Tinham feito uma assembléia e achavam que o curso devia acabar. é uma coisa muito difícil de vocês, na situação atual, imaginarem o que foi aquela luta. Nós tínhamos tudo contra nós. A sociedade não permitia, os pais achavam que aquilo era uma perda de tempo. Até que estes primeiros alunos começaram a frequentar indústrias, fazer produções extraordinárias, contribuições extraordinárias. Apareceram alguns industriais que nos deram muita cobertura. Mas este foi um período em que já se tinha passado uns cinco, seis anos. Os primeiros cinco anos foram terríveis.


Já ouvimos que as primeiras turmas da FUMA iam para a escola sem saber direito o que fazer, tendo eles mesmos que pesquisar o que iam aprender. O que você tem a dizer sobre isso?


Radamés - Bom, o que iam aprender eles tinham. Programas, tinham matérias bem definidas, tinham um curso muito bem definido, com matérias e currículoperfeito. Isso tudo eles tinham. O que havia era isso mesmo. A cultura do aluno... Como eu já disse, o aluno que ia para lá, a maioria, era aluno que tinha ”tomado pau” no vestibular e, então, ouviu falar que lá se mexia com desenho, uma espécie de desenho próximo à indútria, que era uma arquitetura da indústria. Mas ele mesmo não via no jornal, não via no cinema (Não havia televisão). Não via nada sobre design. Aquele aluno que entrava lá realmente não tinha segurança. Mas a culpa não era do aluno, porque o aluno chegava lá e logo encontrava o que estava querendo fazer e isso é que era importante. Encontrava um ambiente de ensino que vocês nem podem, mesmo hoje, não
podem imaginar. Porque os professores eram, de certa maneira, iguais aos professores... iguais eu não digo em qualidade, mas em dedicação... todos eram iguais aos professores da Bauhaus. Todos viviam lá, atendiam os alunos de uma maneira pessoal. Viam problemas pessoais do aluno, problemas familiares, entravam nisso, explicavam para os pais. Davam festas, levavam,
faziam festas, os pais iam lá, a gente fazia conferências, mostrávamos figuras da Bauhaus, figuras de design, o que era, o que representava. Então era um trabalho que não se limitava ao aluno e nem devia se limitar. Porque se deixasse por conta do aluno era pouco. Não é como hoje. Hoje se tem por aí concursos. Nós conseguimos, a pouco tempo, que a Morro Velho começasse a fazer design de jóias. Quando digo conseguimos me refiro que o objetivo da
Morro Velho, que era achar um outro valor para o ouro que tinha perdido seu valor como base de moeda foi alcançado através da arte. Se bem que cada vez o ouro está menos valorizado. Praticamente não sem encontra, hoje, jóias de ouro puro. Ela tem complementos. Isso é muito comum por aí nos concursos. Havia um heroísmo daquele pessoal todo que estava envolvido nisso. Porque era coisa de heróis, ou de imprudentes, porque na realidade não era uma
promessa. Nós queríamos que a indústria nos aceitasse mas o industrial era um homem, a indústria naquele tempo não era uma coisa científica, era um sujeito aí que comeou a fabricar tacho, de tacho a fabricar bacia, de bacia a balde e outra coisa e foi subindo. Estou lembrando que a JMF que foi um dos grandes suportes que nós tivemos era de um ex-favelado que foi e criou um pessoal altamente qualificado e foi a pessoa que mais se aproximou de nós e que nós
devemos a ele o que ele subiu. A indústria dele adquiriu uma importância muito grande e o conceito da indústria dele nos arrastou para a federação das indústrias e outras coisas. Foi um trabalho que não se limitou a ação direta dele, ele conceituou o design. Vocês sabem que está sendo feito aí um livro que fala sobre design (obs: referência ao livro, ainda inédito, da jornalista Dorinha Aguiar, sobre a Escola de Design da UEMG), nele vocês vão ver algumas coisinhas de como foi este negócio. Um trabalho longo, de muita paciência. Nós fomos empurrados para todos os lugares. O espaço que eles achavam para a Universidade Mineira de Arte, ou, vamos dizer, para a Escola de Design, era o espaço que sobrava, assim como um favelado que vem do interior e chega aqui na cidade e encontra um espaço inundado, um espaço de risco e faz a casinha dele lá e vira um favelado com o espaço que sobrou para ele. Nós também seguimos u processo semelhante. A nossa escola era empurrada assim, se sobrava um terreno. Quando eu deixei a escola ela tinha sido transferida lá para o viaduto São Francisco. Naquela época eu disse, não, há um limite para o que se oferta à sociedade. Virei para todo mundo e disse: “Olha, vocês que são heróis continuem”. Eu abandonei.


Qual foi o ano em que o Senhor abandonou?


Radamés - Não me lembro.


Foi por volta de 70?


Radamés - Não tenho idéia. Francamente eu vou dizer a você, eu tenho 81 anos de idade não guardo mais isso. O processo é mais importante do que a data. Eu tomei a decisão de não fazer mais oferta à sociedade. Eu fui uma pessoa que viveu fazendo ofertas à sociedade para completar alguma coisa, uma pretensão que eu tinha de pensar que era ùtil à sociedade, que talvez ela precisasse de mim. E eu descobri que não precisava. Ela viveu tão bem aí. A própria
FUMA viveu tão bem quando eu saí dela. Já tinha o pessoal necessário, ela já tinha vida própria, não precisava mais de nós estarmos lá, e eu já estava muito envolvido com aquilo que era realmente a minha profissão: o urbanismo. Foi um período, deve ter sido de uns 20 anos, que era preciso colocar um limite nisso. Não havia consideração com aquilo, não havia meio de compreender. Se bem que nós havíamos conseguido de algumas áreas, algumas coisas. Nós
fizemos um trabalho quando criaram o CETEC que tínhamos uma equipe extraordinária, era um verdadeiro Bauhaus. Geniais os alunos. Mas aí o governo de Santa Catarina veio aqui e levou todos.


E o governo mineiro não fez objeção nenhuma?


Radamés - Objeção de que? Ele nem sabia. Isso não existe na consciência dele, na história de Minas. Quem vai pensar naquele negócio lá? Só as pessoas do governo, que estavam diretamente ligadas ao programa CETEC e algumas pessoas de nossa relação pessoal, que nesse caso foram Paulo Pinheiro Chagas, Lindolfo que foi uma pessoa que foi um suporte mesmo. Depois ele foi para o Jornal do Comércio, onde o José Costa foi o grande companheiro que nós tivemos e nos deu cobertura enorme. Isso vocês ter o que conversar com as pessoas que viveram o problema. O Eduardo, o Marcelo, alguns que estão lá. O Osvaldo, o Eurico, eles é que tem a história na cabeça. Eu me esforçava demais, então eu me envolvia demais com aluno, com problemas de aluno, com problemas pessoais de aluno, e quando eu me vi eu estava como centro indutor. Mas muito mais com ação política do que com uma ação administrativa. Eu conheço muito bem a minha ação. Era uma consequência tratada ao assunto, como foi uma consequência tratada ao assunto na época do Bauhaus. Chegou um ponto que o Hittler mandou chamar um grupo de pessoas do grupo dele, que era inimigo do comunismo e falou assim: “Fecha isso, que isso aí é comunista”. Não houve nenhum mérito em saber se era ou se não era, se o comunismo era bom ou não, não tinha nada disso. Fecha! Eles foram para o EUA. Lógico nos EUA eles não tiveram aquela assistência que a indústria alemã deu ao grupo. No entanto a idéia, a filosofia era muito européia. O americano é pragmático demais pra ter uma idéia como a do Bauhaus. E hoje não, praticamente os designers se libertaram daquilo, não necessitam daquilo, já são reconhecidos. Hoje nós vemos aí todos os dias festas com designers de tecido, de moda, mais isso, mais aquilo. Então agora o problema é de vocês. Não é nosso mais, nós cumprimos nossa função. E hoje olhando eu vou te dizer: Eu considero a FUMA um milagre! Eu milagre mesmo. Milagre é uma coisa que acontece porque alguma coisa de fora ajudou. Na maioria das vezes dizem que é Deus, ou um santo, não interessa. O que importa é que aquilo é
um milagre. Hoje a FUMA poderá ser comparada a uma corrida de bastão. Cada pessoa que pega o bastão, no caso da FUMA, por sorte quem pegava o bastão deixado pelo primeiro corredor, corria mais, era mais veloz, tinha mais força, mais capacidade. Então assim a FUMA virou um milagre. E um milagre por milagre. Não foi porque nós fomos tão bons assim não. Era um milagre. Era a hora certa de fazer qualquer coisa neste sentido. N‹o há mérito nenhum no nosso trabalho. Nós quisemos fazer aquilo e vimos, depois que começamos, que deveríamos dar continuidade e demos. Agora não, lá está uma maravilha. Está na mão de pessoas que tem uma capacidade para isso, que tem uma filosofia...

Entrevista com Ricardo Mendes Mineiro

por Carolina, Gabriela, Natália, Sérgio e Samuel
5o DG/noite-UEMG-2005


Ricardo (Cadinho) Mineiro é professor da UEMG e um dos pioneiros do Desenho Industrial em Minas, com significativa atuação no núcleo de Design do Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC)



5°PVN – O que era o Design na época em que você estudava?
Cadinho – O campo era mesmo desenho de produtos, mas se confundia inteiramente com Comunicação Visual. Essa separação só tem razão de ser depois do advento da informática, na medida em que você não consegue dominar tudo ao mesmo tempo. Eu por exemplo dominava o CorelDraw e hoje nem mexo mais. Já até há outros programas lá na frente, mas se eu for perder tempo com isso, eu não projeto. E talvez em função disso possa se justificar.
O procedimento é o mesmo, vamos ver em projetos que tivemos no princípio:

Rádio, toca discos, televisão, fogão, ampliador fotográfico, carteira escolar, mobiliário urbano em todos os sentidos, de parques, playgrounds à coberturas de prédios, computador, logo que ele apareceu, e era aquela “coisa” industrial de lata, estandes de exposições, e outros. Apareceu até um revólver certa vez, mas não aceitamos. E muita comunicação visual, como Embalagens de bala, chaveiros, diagramações, cartazes e outros. Mas se você é capaz de projetar uma variedade de produtos, o que há de comum neles? E que me deixa projetar desde um um isqueiro, a uma roupa, uma cadeira ou uma luminária? É uma capacidade de raciocínio que vai coincidir... Pode até colocar uma casa aí no meio, que é a mesma coisa, pois a Arquitetura pra mim se parecia com um rádio. Você estuda o processo e muda as variáveis. Tenho que redesenhar este gravador aqui, basta desmontá-lo e vejo o que tem dentro. A fábrica me propõe uma redução de peças... Assim como aconteceu com uma televisão que fiz uma vez, que eu reduzi daqueles tamanhos enormes de antigamente (de uns 80cm de largura) pra algo parecido com que se vê hoje, próximo ao tamanho do vídeo. Isso porque eu conhecia os macetes, o que não podia dentro dela, apesar de não entender nada de eletricidade. Assim você fazia as reduções, entendendo o porque das peças, e a sua dimensão, você faz o layout. Isso não tem muita diferença em relação a uma casa, pois se você entende as variáveis de uma habitação, fica fácil.
Bom, para saber o que era design mais ou menos... a gente nem sabia que tinha essa palavra design, era desenho industrial e a outra era comunicação visual. Eles nem discerniam o comunicador visual do desenhista industrial. Pelo menos nos nosso escritório não. Nem os fotógrafos eram diferenciados. Eles podiam discernir pintor, escultor, mas nunca a gente supria essa análise. Era isso que era o desenho, ir na indústria e fazer os troço. Era fazer uma caixa, sabe como é? Quais ferramentas você tem? Então vamos fazer isso, isso e isso...

5°PVN– Qual foi a sua trajetória partindo do seu tempo de estudante?
Cadinho – Quando estudante, só havia um escritório de Design que trabalhava tanto com Design industrial como com comunicação visual. Na época a gente só trabalhava com fotografia, não se tinha tanta possibilidade de técnicas q se tem hoje. Fui chamado para trabalhar neste escritório, que era do Marcelo de Resende e Eurico Dirceu Weik, formados aqui na FUMA. O Marcelo dava aula aqui para o quarto ano, e me chamou pra dar também, para o terceiro ano. Depois a PUC me chamou para dar aula de comunicação visual. Dirceu (possivelmente o melhor fotógrafo do país na época) teve que sair da empresa por causa de problemas de saúde. Em um dos projetos seguintes, para a L’atelier, Marcelo teve que ir para São Paulo para dar continuidade. Durante esta época, eu chamei alguns alunos de arquitetura, e um artista plástico para tocar a empresa. Mais ou menos cinco anos depois, o Loura (Marcelo de Resende) volta de São Paulo para montarmos o laboratório do CETEC/MG. Depois disso vieram muitos pedidos de produtos através do estado. Nós costumávamos chamar os melhores alunos aqui da FUMA para trabalhar com a gente e lá era quase uma continuidade daqui. A gente foi ajudando a formar o pessoal. Nossos produtos eram baseados nos produtos europeus, nós éramos uns dos poucos que assinávamos revistas importadas da Alemanha, da Itália, da Áustria, Japão. Nós tínhamos um Design gráfico influenciado pelo japonês e o de produto muito puxado para o italiano. Não havia uma revista de Design brasileiro, tinha um catálogo da ABDI (Associação Brasileira dos Desenhistas Industriais) era um livro sofisticado, mas não se comparava ao prazer das revistas importadas.
Houve uma época em que surgiu um problema do que hoje chamam de desenvolvimento sustentável, mas na época era mais político, época de revolução, chamavam de eco-desenvolvimento, por volta de 75, 76. Quando fui fazer um levantamento pra este projeto a minha vida mudou. Parei de fazer as coisas bonitas da Itália, vi muita fome, muita pobreza mesmo, vi que o Brasil não era só esses lugares que nós vimos, Brasília, Rio, São Paulo. Fui pra roça mesmo, onde não tinha luz não tinha nada pra fazer desenho industrial. Onde não tinha nenhuma forma de indústria, daí eu descobri o Design, ele é possível e viável na roça sem industria, sem nada, ou seja, dar soluções de Design pra problemas regionais de carência. Isso foi através de um levantamento habitacional que me chamaram pra fazer, e acabei conhecendo todas as famílias, conhecendo todos os problemas, as condições de higiene, e habitação. A idéia do projeto era que a própria população solucionasse o problema dela com os materiais de lá, uma vez que não havia dinheiro. Usamos sempre materiais acessíveis a eles, fizemos encanamentos de bambu, e outras soluções alternativas. Mas armavam-se grupos de pessoas, e naquela época não podia-se formar grupos de pessoas, então começaram a me chamar de comunista, aí eu já era o responsável pelo trabalho em campo, que intelectualizava o problema. Graças a esses rótulos, pararam de aprovar meus projetos. Quando consegui levar o projeto direto para Brasília, veio a república nova, e meu projeto foi imediatamente aprovado. Neste intervalo eu fiz nove filmes, chamados Brasil Sociedade Anônima não no sentido de sem nome, mas no sentido de não conhecido. Com esta história do governo não aprovar meus projetos, eu viajava o país inteiro, não trabalhava, mas continuava ganhando meu salário. Fui aos lugares mais ermos e filmava. Filmava as tecnologias de pesca, quase um processo de busca de alternativa de vida, cheguei a morar com os índios na Amazônia. Filmamos o que foi possível, até que saiu a nova república. Meu projeto foi aprovado e fui para o Rio de Janeiro, na FINEP. Ai eu voltei para o campo de novo, deitamos e rolamos, fizemos escolas, colocamos encanamentos e vários outros projetos. Nisso eu praticamente parei de fazer produtos normais, fiquei desenhando produtos alternativos, por exemplo, formei associações, que eram quase impossíveis de se formar na época, para economizar material, dinheiro, nós chegamos a montar uma carroça, e com essa carroça com uma marcenaria em cima. E com essa carroça toda desenhada, a gente ligava luz comum da tomada e funcionava todo o instrumental e a gente ia fazendo as obras assim. E ai eu descobri que, levei oito anos pra descobrir isso, que o contrário da riqueza era a pobreza, que ali não tinha dinheiro, que nós tínhamos que fazer chegar dinheiro ali dentro, primeiro comecei a cortar quem estava explorando, a montar sistemas de produção, que serviam de aula para o pessoal, para montar o mobiliário de escola. Após uma troca de governos e um corte da nossa verba, fui dispensado de meus serviços.
Daí fui pra São Paulo fui fazer meu mestrado, aproveitei fiz um concurso pra USP e dei aula lá na FAU, que tinha uma área destinada a desenho industrial. Lá eles tinham um sistema interessante e até hoje têm, onde tínhamos 5 experiências: com Desenho Industrial, projeto de edificações, paisagismo, comunicação visual e o planejamento urbano. Chegando ao final dos quatro anos de curso, você escolhe aquilo que vai fazer. E quem dava aula lá eram exatamente quem eu lia nos livros.
Quando voltei pra cá já tinham se passados dez anos, eu já tinha defendido minha tese de mestrado, cheguei aqui e fiquei na UEMG, numa certa depressão.

5°PVN– Então não era tão diferente de hoje em dia?
Cadinho – Não é não... Hoje em dia as indústrias funcionam da mesma forma, são pequenas.

5°PVN– Só a maneira de projetar é que tem mudado um pouco?
Cadinho – (Pausa) Toda a racionalidade que você tem hoje, você já tinha. Você vai entrar numa indústria e ver um monte de máquinas. Você tem de saber o que essa máquina faz que matéria prima elas mexem, o que o cara tem, por que ele está te chamando, Por que ele não está te chamando atoa. Não é mesmo? Mas o processo era o mesmo. Tinha uns que dava mais tesão de fazer, tinha outros que dava menos, mas a gente fazia. O Marcelo dominava, ele era meu professor.

5°PVN– Uma diferença que eu imagino que possa ter é que durante um certo tempo não se tinha tanta concorrência como se tem hoje. Então de uma certa forma, o produto que você projetava ele ia para o mercado e como era uma necessidade de mercado ele ia vender. Hoje, com a concorrência maior, você tem dez indústrias produzindo a mesma coisa, você tem de ter um produto que atinja um determinado público, porque se não outro produto vai ser escolhido no lugar do seu. Uma vez que se você tivesse duas empresas de televisão, “qual você comprava, a de Beltrano ou a de Sicrano?”. Acaba que o seu produto era bem feito mas com uma certa liberdade. Por isso acho que todo o design podia ser mais abrangente.


Cadinho – Eu não acho que... Te enchendo o saco para ser sincero. Só esse escritório funcionando não significava que a gente tinha projeto o tempo todo não. Às vezes levamos muito ferro. Às vezes não tinha dinheiro para pagar telefone. Não se conhecia o que era, às vezes o pessoal confundia com aquele desenhista que tinha no jornal,

5°PVN– Cartunista?
Cadinho – Não, desenhista industrial técnico mesmo. Agora que palavra design está difundida, está melhor. Poucas pessoas conheciam... As agências de publicidade conheciam, me chamavam. Foi o que me segurou quando o Marcelo estava fora. Me chamavam para fazer as coisas físicas. Fotografia dava muito dinheiro também. Tinha pouco profissional, mas poucas pessoas sabiam que existiam esses profissionais. Agora, você tem fome de pegar segmentos do mercado e o design se tornou uma coisa muito importante; e muito falada, apesar de mal definido. Você vê o que é o design: È a capacidade de juntar variáveis raciocinar com elas independente de... Não acredito em designer de geladeira. Quem desenha geladeira desenha liqüidificador, desenha um isqueiro, ou então não é designer, é desenhista de geladeira. Sabe como? Isso deu até um pau comigo uma vez numa palestra.
È a capacidade que você tem de juntar as variáveis e falar: “É isso! É dentro desse limite”. O cara sabe traçar o mercado. O cara sabe para quem ele vende, sabe os concorrentes dele todos. Ela fala: “Pô, ele tá precisando de alguma coisa a mais que é o design” e é esse que está sendo o grande fator agora. E cada vez minha perspectiva é mais positiva em relação a isso. Porque a tecnologia quase que uniformiza os objetos, eles não estão se diferenciando muito não, eles estão pau a pau. A diferença é mínima, você tirar dois centímetros aqui ou ali. Então, o que é que vai conquistar? È o design. È a capacidade de investir no design. E o design está amarrado na mídia, no marketing, esse negócio todo. Esses isqueiro aqui é mil vezes mais mal desenhado do que aquele “Cricket”. Você tem um aí? Não (5°Pvnoite).
Cadinho – (continua) O “Cricket” é perfeito, tanto que ele vende mais. A marca Bic. Mas esse é mil vezes pior. O outro encaixa no maço de cigarro e não deixa ele amassar. Ele é do tamanho certo do cigarro. Ele é formalmente limpo. O que é isso? O design chega em sutilezas que queira ou não precisam ser gerenciadas. Cada segmento desse você vai achar as suas fronteiras os seus limites. Não acho que você tem de preocupar muito com isso não. Você só vai poder fazer aquilo. Você não vai virar para um cara e falar que vai mudar totalmente o produto dele. Poxa, eu vou fazer um molde que vai custar 300 mil reais. Eu não posso gastar isso num molde sendo que a máquina que eu comprei já vem com um molde de um design que acontece muito. É preferível você mexer em rótulo, ou então só em uma parte. O cara compra uma máquina hoje que é praticamente uma indústria. Aí você tem de ter a capacidade do design de mexer com a coisa. A capacidade do design é infinita. A gente não pode é fazer a mesma coisa, ter coragem e ser inseguro da nossa condição. Inseguro por quê? Por que você está fazendo uma coisa que você está fazendo uma coisa que você não absoluta certeza se ela vai funcionar. Essa insegurança é uma característica nossa. E subversivo! Subversivo por que não é normal. Não é aquilo que está sendo feito, é algo mais. É arriscar um pouco e viver com isso. Se eu não fosse designer eu já tinha parado de fumar ó... (Risos).

5°PVN – Hoje você trabalha dando aulas? Não ainda no escritório também?
Cadinho – Não, hoje eu não posso ficar sem projeto. Eu entro em crise de abstinência. Minha aula de projeto é a forma como eu aprendi a projetar. É como eu dou aula. Projetando muito. A única forma que eu aprendi e que eu ensinei e ensino a projetar. Não sigo muito o processo acadêmico não.

5°PVN – Qual é a sua formação?
Cadinho – Me formei em Arquitetura na UFMG e fiz mestrado na USP. No início a Arquitetura era muito chata, tinha um processo muito longo, era mal ensinada. Então entrei na comunicação visual timidamente, no escritório. Mexíamos com logomarcas, ramo no qual fomos premiados em concurso nacional com o símbolo da Samitre e nunca mais fizemos outros. O mesmo ocorreu com meus vídeos, após ser premiado no festival de Salvador em 1981 com Cinema e nunca mais fiz Cinema. Mas também ficou financeiramente inviável. Pois naquela época os gastos eram absurdos com película e outros, o que hoje não acontece.

5°PVN – Hoje temos poucas iniciativas de produção apesar das possibilidade serem muito maiores e mais acessíveis. Podem-se fazer filmes com gasto mínimo e ainda sim vemos pouca produção nesse sentido.
Cadinho – Isso acontece de fato, e tudo deve ser medido. A criatividade deve ser manejada com cuidado. Devemos ser “30%” criativos, caso contrário não seremos entendidos e reconhecidos só depois de morrer. (comenta sorrindo).
Não há diferença entre Comunicação Visual e o desenho de produtos. Pois a Comunicação Visual é uma estrutura, não a interna, mas é. E ela é o grande “x” da questão hoje. Pois educação à distância já temos. Veja a Rede Globo por exemplo. Eles fazem a educação não-formal, ditando valores e padrões estéticos a toda uma classe média, em todo o Brasil. Tanto faz estarmos em Belo Horizonte, no Acre ou em Búzios. Você pode até se imaginar, ao ver novela, em Búzios por exemplo (risadas). Mas na televisão entra mais a questão comercial. Na Internet temos algo nesse sentido. Temos um horror pra ser feito na Internet ainda: Quer coisa pior que a página de um provedor? Aquele mundo de informações pouco organizadas, que pulam à sua vista e você fica lá perdido. E ainda pula uma imagem duma mulher pelada na direita. Tudo confuso, tudo ainda no princípio, primitivo. Mas é o caminho da Comunicação Visual e da educação.
Pra terminar – agora quem vai falar sou eu (sorrindo) – há uma gramática visual que o homem não domina, ele não consegue ordenar “sujeito”, “verbo” e “objeto”. Ele consegue sistematizar mais ou menos, dando realce a alguma coisa, menos pra outra, mas não consegue a lógica. Isso é impressionante, porque um braço aqui é um braço no resto do mundo. É uma linguagem universal, que não sei porque não é tratada com o valor que merece, pois ela informa violentamente. Eles falsificam isso e passam imagem errada, estranha, pregando mulheres bonitas como aquelas magrelas horríveis, por exemplo. Impondo assim um padrão de beleza, através dessa “educação à distância”. Assim o computador tem uniformizado, plastificado as mulheres, as pessoas. O processo de criação, por mais que eles tentem inventar, ele é invisível, assim como o presente é invisível. Você pode estimular, pegar revistas, olhar, olhar, e não ler nenhuma palavra. Olhar as coisas em detalhe. A criação vem de uma confusão mental, em qualquer lugar, de qualquer forma, sem imposições de estar em cima de uma prancheta, por exemplo. Você quer criar e fica preocupado com o negócio e começa a olhar. É vendo. Não leia nada. É assim que nascem os projetos.
E sempre bom lembrar sobre o estreito limiar entre Comunicação Visual e Desenho de Produtos. A ambigüidade que existe nesse limiar, pode ser vista claramente nos produtos da “Swatch”, dos quais não definimos se o produto que eles vendem é fruto do Design de Produtos, ou Gráfico.

Monday, November 27, 2006

Entrevista com Romeu Damaso


O professor Romeu Damaso há mais de 25 anos coordena ou colabora com projetos de longo alcance que estabeleceram as bases para a configuração atual da Escola de Design.

Nesta entrevista Romeu descreve um pouco de sua trajetória pessoal dentro desse processo evolutivo, a partir da década de 80, quando a escola buscou marcar uma posição junto ao empresariado e consolidar sua imagem como instituição acadêmica, pela constituição de uma rede extensa de contatos e parcerias bem como a participação sistemática em várias instâncias: congressos, seminários, exposições.

Além disso, também traça um panorama das atividades do Centro IDE (Integração Design-Empresa) e expõe alguns dos parâmetros do novo currículo dos cursos de Design.




Queríamos que falasse um pouco do seu percurso...


A minha trajetória é mais ou menos a seguinte: Sou de Maceió e fui pra Recife fazer engenharia. Cursei 3 anos e vi que não era o que eu queria. Um dia cismei e vim embora pra Minas. Chegando aqui fui trabalhar num escritório de arquitetura e engenharia de um parente e um dia ele me disse: “Olha, tô vendo seus desenhos, vocaí não gostaria de tentar um curso que chama desenho industrial?” Foi a partir daí que vim aqui para a escola.

Ah, foi ele quem te deu a dica?

Ele é um arquiteto, mas que trabalhava com construção. Até então eu realmente não tinha conhecido o que na época a gente chamava de desenho industrial. Ai eu vim aqui na escola no dia do vestibular e achei que era por aí. Gostei, fiz a inscrição e entrei pra escola, nos quatro anos normais. Entrei em 78 e formei em 81. Em 81 mesmo passei a ter uma monitoria em duas disciplinas aqui na escola e empolguei, já era presidente do DA e tinha um trabalho de envolvimento com a própria escola. Naquela época tudo era muito precário.

Eram os cursos de PV e PP ou era um só?

Eram cursos separados de desenho industrial e de comunição visual. Mas a gente de certa maneira se unia muito, porque tinha muitos eventos que foram feitos naquela época, a gente ainda aluno e recém-formado, foi quando a gente começou a ter ações conjuntas com professores. Ficamos amigos de professores de produto e de gráfico, houve alguns eventos e seminários que fizemos juntos ou participamos. Mas eram cursos separados.

Quando eu formei, então, em 81, a minha diretora me pediu pra eu continuar dando aula. Na época eu não tinha nenhuma idéia do que seguir uma carreira acadaímica. Eu achava que tinha que voltar, porque acabou a graduação e não tinha o que fazer. Bom, nessa ocasião, eu já tava começando com Fundamentos da Comunição, que uma disciplina que estava aberta, não tinha professor e eu assumi.

Estudei durante um tempo pra assumir. Foi ai que eu descobri que gostava de dar aula. Dois anos depois saiu uma bolsa pra ir pra Itália do governo italiano e daqui de Minas foram selecionados trás que eram profissionais e que tinham formado até a pouco tempo, no máximo traís anos, então o pessoal do CETEC me convidou pra preencher essas vagas e eu fiquei quase um ano na Itália, fazendo uma experiaíncia na escola de Florença e na cidade de Reggia-Emilia. Nessa ocasião eu tive a oportunidade de aprofundar mais meus estudos sobre o design e como eu estava com o meu orientador lá, que era professor da escola de Florença, eu assistia às aulas dele e passei a conviver com essa faculdade o tempo inteiro. Era uma escola pública também. Quando eu voltei da bolsa a minha diretora me disse que estávamos com problemas em Prática Projetual e que eu iria assumir a disciplina.
Foi a partir daí, desde 1984, que eu comecei a dar aula da disciplina de Prática Projetual e nunca parei. Já são 21 ou 22 anos que dou aula especificamente na disciplina de projeto (...)

Quando eu voltei, eu comecei a perceber que como eu já estava vivendo mais dentro do dia a dia da escola, das dificuldades e não só as físicas, que a gente vaí até hoje (nota: na data da entrevista a Escola de Design ainda estava no prédio do bairro da Gameleira), a gente precisava melhorar e investir na capacidade não só do ponto de vista mercadológico, tecnológico, melhorar a qualidade dos professores, já que naquela época era tudo muito difícil, com uma titulação em mestrado e doutorado eram muito poucos. Havia muita dificuldade da gente fazer isso. Tanto que foram muito poucos que saíram, não tínhamos uma oportunidade, como é hoje, em que há mais facilidade.
De 1984 a 86 foi quando eu assumi pela a primeira vez a chefia do departamento de projeto e logo em seguida eu fui por sete anos coordenador do curso de produto.


Suas aulas de pratica projetual eram para os dois cursos ou só
para produto?

Só pra produto. Depois participamos de comissões para o currículo
novo, naquela ocasião, e foi quando o curso passou a se chamar
Desenho Industrial com habilitações em Projeto de Produto e Programação Visual. Só agora recentemente é que muda novamente de nome e passa a haver cursos separados como o Design de Produto, o Design Gráfico e o Design de Ambientes. Mas na época a grande preocupação de nós que trabalhávamos com o desenho industrial ou desenho de produto ou design industrial, era essa confusão
semântica, ela foi sempre um problema muito sério, principalmente porque nosso diálogo tinha que ser com os empresários. Na área de comunicação visual isso se torna mais fácil, porque o nome já até ta dizendo, é algo que comunique visualmente. Mas no produto, o desenho industrial estava muito ligado à técnica, um desenho técnico e isso confundia muito a cabeça ou do aluno que entrava com uma certa deturpação, a palavra design estava começando a ser incorporada e era uma coisa muitolá de longe. Por que era longe? Porque era um modismo, uma coisa importada, estava muito ligada à questão da arte, era um design mais afinado, mais voltado para uma coisa puramente estética. A gente começou dentro da escola, alguns professores voltaram a dar aulas na escola depois de
suas próprias experiaíncias em escritório e esse convite ia se estendendo a um grupo muito grande de professores que estão aqui até hoje. Na época esses eram professores que se formaram até na minha geração de estudantes e que voltavam com uma carga de experiaíncia dos seus escritórios e trazia essa contribuição pra escola, pra reforçar e melhorar o curso que naquela ocasião era muito fraco. Por que era fraco? Porque não havia uma maneira da gente aferir qual era a filosofia desse curso, qual era o objetivo da gente, qual era o mercado que a gente queria atingir, sempre havia muito claro que fazer design era para as multinacionais e grandes empresas. Só nos últimos 15 anos que a gente entendeu que fazer design é uma coisa muito mais pragmática, muito mais voltada pra realidade que nós estamos vivendo. Seja do estado de Minas, depois no Brasil inteiro, mas uma
coisa com mais coeraíncia, mais pé no chão. Mas isso que falo de voltar pra realidade, isso demorou alguns anos. Nessa época, quando eu estava paralelamente fazendo a coordenação de curso e surgiram muitos problemas nessa ocasião que eram tentar refinar um modelo, tentar achar um caminho de design e eu dávamos aula também de design gráfico nessa ocasião, de semiologia e fundamentos da comunicação. Então foi muito interessante porque a gente pode trabalhar melhor juntos, alguns professores trabalhavam nos dois cursos e a gente começou a formatar algumas coisas mais interessantes, inclusive juntos. Nessa ocasião, num desses momentos eu montei o centro de extensão e junto com o centro de extensão, a minha colega Bernadete montou o laboratório de design e foi um marco, uma referaíncia na história do design gráfico das escolas
brasileiras. Anos depois - ela pode falar com mais precisão, porque é uma das pessoas importantes na questão do design mineiro nessa área de design gráfico - nós fizemos muitos trabalhos juntos e isto foi um ponto positivo pra todos nós. Dentro desta inquietude de querer saber como que o empresário, pra onde estão indo nossos alunos, onde é que eles estão, se eles estão trabalhando em empresas, o que que eles estão fazendo, havia uma desistaíncia muito grande. A gente tentou então fazer algumas exposições, foi um dos primeiros trabalhos que
nós fizemos, foram umas mostras organizadas e patrocinadas com o apoio de empresas. Essas exposições começaram em 1986, quando teve a primeira, e depois durante 10 anos elas sistematicamente continuaram. Elas só morreram quando passamos pro regime da Universidade, foi um regime muito complicado, em 93, foi quando a gente resolveu parar porque já estava sobre um outro momento e precisava repensar em torno daquele modelo que a gente estava fazendo. Estas exposições consistiam no que havia de melhor dos trabalhos acadaímicos dentro das disciplinas de prática projetual. Conseguíamos patrocínios com empresas não só para que bancassem o evento, não só que bancassem o protótipo ou mesmo a própria oficina, onde os alunos trabalhavam num regime de liberdade muito naquela ocasião sobre a nossa orientação, sobre a participação dos colegas professores que orientavam e melhoravam a qualidade desses produtos. A gente contava com projeto iluminotécnico, projeto museográfico. Foram sete anos no espaço cultural da IBM Brasil, que era um belo prédio que tem ali na Av.Getulio Vargas, onde hoje é o jornal Estado de Minas. Isso tinha uma repercussão muito grande na imprensa. A gente conseguiu uma coisa inédita que era uma página no Estado de Minas, uma página no Hoje em Dia, inserções em jornais da televisão local e isso dava uma visibilidade muito grande. Porém a gente percebeu, eu mais especificamente percebi que isso ainda não era o suficiente, que tínhamos que trabalhar outras motivações pra efetivamente trazer o discurso de um design real pras empresas, pra gente crescer o número de estágios, o numero de participações nas empresas, dentro deste contexto de que a formação do profissional só vai existir se vocaí efetivamente tiver com uma aceitação por parte do mercado. Quando eu digo o mercado é aquele que a gente vai efetivamente trabalhar pra ele, no caso são as empresas mineiras. Durante esse tempo nos fomos amadurecendo e saímos desse espaço, fizemos a oitava mostra no Palácio das Artes, foi a principal, e de lá nos saímos pro Ponteio. Fizemos as duas ultimas, a nona e a décima, no Ponteio. O mais interessante que eu acho que é relatar sobre essas exposições e que elas não só motivavam todo um talento, que era a nossa idéia, que era motivar que a sociedade, os empresários, a imprensa visse um design de qualidade que estava ali. A idéia era mostrar os novos talentos que estavam fazendo o curso de design e que estas empresas tivessem a oportunidade de contratar esses alunos. Não é fazer um banco de negócios ali, não era vender projetos, a idéia era vender talentos. E na mesma época nós montamos o praímio Qualidade de Design e conseguimos fazer uma banca, um júri com convidados empresários, geralmente tinham outras pessoas de outros estados - conseguíamos patrocínio de
passagens aéreas e fazíamos um coquetel onde eram
divulgados os praímios. O júri vinha quatro a cinco horas antes e fechava os ganhadores, que geralmente ganhavam não só os títulos de primeiro lugar, segundo, terceiro e menção honrosa, mas também ganhavam praímios de produtos desenvolvidos por empresas mineiras e que tinham de uma certa maneira designers trabalhando com ela.
Aconteceu isso com a Madeirense, com a Forma, apesar de ser só uma loja, em empresas como a Móbile Design, a KR Design, que foram empresas de profissionais ou ex-alunos. A intenção era que esses praímios tivessem um caráter mais simbólico de que tava valendo a pena esse tipo de ação, mas mesmo assim a gente e digo eu, não só na coordenação de curso e também na coordenação do centro de extensão e coordenando essas exposições, nós achávamos que devíamos trazer a sociedade, a comunidade, aos pais dos alunos e família, que eles trouxessem empresários amigos para um evento dentro da escola. Foi aí que a gente inventou a Semana D, que durante quatro anos nós fizemos um evento interno onde, durante até uma semana, a escola parava pra trazer uma série de eventos como palestras, mini-cursos, oficinas, tinha show, tinha festa, tinha
exposição de projetos onde cada grupo de professores era responsável por uma sala de aula. A idéia era que as famílias viessem à escola para ver e entender e que convidassem empresários e tudo. Isso foi sempre muito inquietante. A nossa participação pra divulgar o curso de uma maneira coerente. E ai começamos a ser convidados para eventos nacionais, a dar palestras, e graças a essas mostras a escola passou a ter um visibilidade muito grande no meio acadaímico brasileiro. Existe um dado muito importante que geralmente fica muito esquecido pelas pessoas que escrevem sobre design no Brasil que é o advento do CETEC em Minas Gerais, porque foi a primeira instituição pública onde vocaí tinha um grande laboratório atendendo as empresas mineiras. O outro foi um laboratório em Florianópolis, o Laboratório Brasileiro de Design, criado e coordenado por um ex-aluno da escola que chama Eduardo Barroso que durante 10 anos manteve uma infra-estrutura em Florianópolis que é invejável, porque possuía não só os cursos de capacitação, cursos de curta duração com profissionais e professores de universidades estrangeiras, ela tinha bolsistas do país inteiro e bolsistas de vários
países do mundo. Esse dado é importante pois a escola tinha um relacionamento muito bom com o laboratório. Então muitos dos professores que iam ao laboratório, da Alemanha, de Cuba, do México, vieram também para cá para dar um treinamento graças a esse nosso relacionamento. Conseguíamos trazaí-los para que eles dessem mini-cursos dentro da área. Me lembro que a gente trouxe na época uma designer alemã que trabalhava só com a cor no produto, trouxemos um curso de render com um doutor que é da Universidade do México e por aí vai. Isso foi muito legal porque aproximou muito o que estava se fazendo no mundo em termos de design. Nessa ocasião foi tudo muito junto pois o laboratório era associado ao Conselho Internacional das Entidades ou Sociedades de Design de produto, ele fica na Finlândia e tem sócios no mundo todo. Nessa ocasião também muita coisa aconteceu, eram tantos eventos: eu fui júri da bienal brasileira de design em Curitiba, tivemos um NDesign em São Paulo em que fomos convidados com a universidade do Paraná a representar as duas escolas que mais tinham praímios nacionais. Montamos uma mostra bem significativa do que estava acontecendo tanto em gráfico quanto em produto e foi um trabalho com uma
repercussão muito legal, porque isso sai de Belo Horizonte e vai para um ambiente como o Morumbi Shopping. Isso foi muito bom para a gente como experiaíncia. E a partir daí nós passamos a sermos convidados a escolas do Brasil inteiro. Isso começou a dar uma curiosidade muito interessante em nossos colegas. Depois houve um certo momento de parada, na época da transição entre a antiga FUMA e a UEMG, tudo ficou muito confuso. A gente não sabia exatamente o que iria acontecer com os professores. Havia já uma demanda pressionando por uma mudança muito forte, como no caso do currículo, etc. Eram muitos problemas ao mesmo tempo que dentro da academia nós tínhamos que analisar. Por um lado era fazer uma divulgação do design de uma maneira coerente, que não caísse nas banalidades de um design puramente efaímero. aí a gente começou a reformular algumas coisas dentro da nossa maneira de trabalhar o aluno de uma forma mais integrada, sem se limitar a simplesmente vir à escola. Nós tínhamos que criar mecanismos para eles participarem mais. É claro que não conseguíamos atingir a todos, mas para aqueles que tinham interesse era preciso que eles trabalhassem de alguma maneira em algumas coisas. Nessa ocasião o CPQD cumpriu, em tese, essa lacuna do técnico cientifico, que era a pesquisa, escrever artigos, o projeto Sabiá, etc. Isso tudo na época foi pioneiro e o que é mais fantástico é o que está acontecendo hoje na escola. Se pudéssemos analisar a escola de frente para trás seria mais interessante, porque nesse ano de 2005 a gente consolida aquilo que foi proposto pelo novo projeto pedagógico, que é essa abertura dos centros de design dentro da escola, para a capacitação de professores e recém formados. Vamos tentar explicar isso por partes: o que aconteceu quando entramos nesse marasmo, nessa mudança dos ordenamentos da universidade? Era preciso que a gente também fizesse alguma coisa. A gente não podia ficar parado e desistir porque as coisas eram difíceis, porque sempre foram muito difíceis e nem por isso a gente não fazia. Essa capacidade da escola dá uma moral, uma experiaíncia de vida de 40 anos, que outros podem até fazer, mas é diferente, uma experiaíncia que é só nossa. Hoje vocaí pode ter um
número muito grande de cursos de design, mas ninguém vai concorrer diretamente com a gente, porque a gente tem essa história que nos permite dar continuidade. Às vezes não temos o material mas temos os recursos humanos, que é o que há de melhor. E o mercado precisa é de competaíncia, pensar certas coisas e não achar que é só encher uma sala de MACs que vai resolver o problema.

Bom, só fazendo um paralelo do que está acontecendo, quando foi em 98 eu fui fazer um mestrado em engenharia de produção e me afastei um pouco da escola, continuei dando uma aula mas abandonei a coordenação para me dedicar ao mestrado. Em 2000 eu voltei, assumi outras disciplinas e resolvi montar o Centro de Integração Design Empresa. Se eu posso dar uma contribuição para a escola hoje eu me sinto realizado exatamente por poder fazer esse centro. Vou explicar um pouco melhor ele, pois ele é vivo, está no terceiro ano de existaíncia. Na ocasião a gente começou a fazer uma pergunta dentro de sala de aula, uma inquietude muito grande da minha parte, de saber para onde nossos alunos estavam indo no mercado de trabalho concreto. E ao longo da minha experiaíncia como professor eu vi que faltava na gente um diálogo com as pequenas empresas. Durante dez anos eu insisti na temática de como levar meus alunos a entenderem o pequeno negócio, que são as pequenas empresas que correspondem a 95% de toda a produção que nós temos no estado ou no Brasil. Porém, quando temos acesso a uma literatura especializada, que é pouca, não temos referência a elementos da gestão do Design na micro e pequena empresa. Foi aí que em 97 eu comecei a trabalhar com a temática de visitas sistemáticas dos alunos a micro e pequenas empresas, dar a eles a oportunidade de vivenciar na prática aquilo que a sala de aula não permite, que era conhecer in loco as instalações, maquinário, tecnologia, as próprias angústias dos empresários. Eles
viam uma série de situações reais que normalmente só teriam contato quando entrassem no mercado de trabalho. A idéia nossa era antecipar essa discussão e trazer para a sala de aula um debate mais amplo sobre isso. Com isso os projetos tinham uma realidade muito mais interessante do que vocaí ficar pensando em feiras internacionais, trabalhos limitados somente à interface estética, etc. Então essa decisão deu certo, logo depois começamos com outros colegas de outras disciplinas a pensar também com o mesmo raciocínio, trabalhando projetos mais integrados e com uma responsabilidade diferenciada com relação a negócios, empresa. Recentemente eu passei a dar uma matéria no décimo período chamada Gestão Profissional, que tentava entender quais são os mecanismos de trabalho real para nosso aluno, onde ele poderia elaborar um plano de negócios, rever e pensar a melhor maneira de ser profissional, já que em poucos meses ele estará formado. Dentro dessa inquietude a gente começou a pensar uma nova maneira de trabalhar isso.


Então, o que é hoje o Centro de Integração Design Empresa? Primeiro, ele é calcado em políticas de inserção do design na vida das empresas. A gente privilegia o pequeno mas não quer dizer que a gente não tenha parceria com a CEMIG, com a FIAT, com a prefeitura, SEBRAE, INSS, Fundação ACESITA, o Caritas Brasileiro, que já tem três anos que trabalhamos com o pessoal do design gráfico lá. Agora estamos implantando também o projeto das feiras, que é a inserção do design em comunidades de agricultura familiar. Então a gente vai desde trabalhar com a prefeitura com o projeto de implantação de um programa de capacitação e treinamento de produto de produção artesanal, com base em produção artesanal. Então o que é o centro IDE hoje, o que é interessante nele? Eu tenho hoje sete professores lá dentro, cada um com uma função de acompanhamento e gerenciamento de projeto. Tenho um professor na área de design gráfico, um na área de produto, um na área de gestão de projeto, eu que faço coordenação geral do centro. Tem um outro que trabalha só com o projeto Caritas, foi contratado ó pra orientar o projeto Caritas, por ser um projeto especial, amplo. O outro que é a professora Ana, que é a responsável pelo Programa de Design e Artesanato do Centro IDE.
Enfim, agora um dos mais novos contratados é para tocar a gestão de um projeto de uma incubadora em design, que vai abranger uma área maior do design gráfico, de produto e de ambiente, que é a incubação de novas empresas de design, através de todos os requisitos conforme faz parte da legislação, conforme está no edital, etc. Esse é um projeto que foi apoiado pelo Sebrae, essa incubadora, e que tem o apoio da reitoria. Então o Centro Integração Design Empresa está fazendo três anos, ele tem sete monitores, que são alunos do 9º período. São quatro monitores de gráfico e três de produto. E temos uma média de quarenta e dois alunos trabalhando lá dentro, em diferentes projetos. Ora com bolsa, ora como voluntários, ora como aprendizado para a bolsa. Nessa escala a gente conseguiu fazer com que sempre um do 9º, que coordena um colega do 7º, um do 7 º que se tiver bolsa passa a se chamar estagiário, e eles sempre carregam um do 5º como observador. E junto a um do 5º tem o projeto Creche que são alunos do 3º período do novo currículo, que vão estar lá acompanhando o projeto como ouvinte, pra que ele comece a ter uma noção do que ele irá ver na sua vida para a frente. E está sendo um grande sucesso, tem quatorze creches lá no centro IDE, e eles estão participando de vários tipos de projeto. Então eu acho que, sem modéstia nenhuma, se eu tive alguma trajetória que contribuiu para escola ou para o design mineiro foi isso. Foi ter trabalhado na área do fomento do design, da divulgação do design, na melhoria da qualidade do curso, tentando fazer um curso mais voltado para a realidade mineira, mais voltado para transformar um profissional, um profissional muito mais aberto, muito mais preparado para a realidade de negócios, de mercado, para que ele tivesse não ó a preparação tecnológica, metodológica, organizacional, mas também soubesse gestar a própria vida dele. Então é muito interessante você ver o aluno, o crescimento dele, não só intelectual, mas também gerencial, que é uma demanda hoje da própria realidade das empresas. E o Centro vem fechar esse ciclo, ó que com autonomia, a gente tem uma autonomia muito grande no diálogo com nosso cliente, ele está sempre voltado para a comunidade acadêmica, sempre trabalhando com alunos e professores, que é o nosso papel, é a capacitação de alunos para a inserção no design. E buscar políticas de design. Seja na produção artesanal, seja na agricultura familiar, são novas fronteiras de clientes. Seja na micro-pequena empresa, seja no micronegócio informal, que a gente faz atendimento a ele. Seja em trabalhos de ação social em parcerias, agora com a Puc, parceria com a Prefeitura. Enfim, a idéia nossa é fazer esse Centro crescer cada vez mais, e atender cada vez mais à capacitação desses alunos. Eu acho que aí a gente traça, mais ou menos, uma trajetória.


Você tem números de empresas, em média?


Não. Na realidade é o seguinte. Como a gente divide em quatro categorias de atendimento, a gente tem um atendimento que é chamado projeto especial. São projetos que requerem um planejamento mais estratégico, um planejamento maior. E aí nesse caso a gente desde parcerias com a çgua de Cheiro, parcerias com empresas privadas ou parcerias com ONGs ou pode ser um projeto voluntário, pode ser um projeto financiado. Um projeto especial é o Caritas, que já temos três anos de parceria. Como são vinte comunidades rurais, a gente precisa de um planejamento. A gente precisa de acompanhamento, porque as demandas são muito grandes, não ó as identidades corporativas das marcas, como embalagens, acompanhamento e a parte de gerenciamento da produção. A parte de central de compras, que a gente tem que gerenciar. Qual é a gráfica melhor que vai fazer esse tipo de produto. Na realidade a gente tá aprendendo a fazer um novo tipo de atendimento, que é refinar um diálogo com nossos clientes por mais difícil que ele seja. Então a gente considera esses projetos especiais.
Depois a gente tem projetos que são de atendimento individual, onde a gente atende a uma única empresa. Nesse, são em média 45 a 50 projetos desenvolvidos nos quase três anos do Centro IDE. No caso do atendimento imediato, é aquele que a gente resolve um problema com uma reunião. Então, pode ser nas chamadas clínicas tecnológicas, onde nossos professores participarão com ações do Sebrae, poder ser quando um cliente nos procura que é mandado por alguém conhecido ou por uma empresa, que quer tirar uma dúvida sobre o projeto e a gente atende a ele. Ele é imediato porque ele não tem vínculos, é voluntário. É um trabalho de orientação, procure isso, ou melhore essa qualidade assim, e isso gerou um projeto maior, que é a Inserção do Design no Micronegócio. Nós estamos com esse projeto no Ministério do Trabalho pra gente conseguir verbas para viabilizar isso, através da Prefeitura, que é um interesse dela, da Secretaria de Modernização. Um projeto especial que foi o projeto do Barro Preto que a gente fez, que é um projeto de inserção de mobiliário urbano. Um projeto especial que a gente fez que foi um plano integrado de turismo para cidade de Itambé. Itambé do Mato Dentro. Um projeto muito bonito, que tinha ações de design e ações complementares que não eram de design, mas que tratava da questão do turismo sustentável, com geração de renda, com uma série de coisas e que integrava arquitetura, urbanismo, paisagismo, gráfico, ambiente, produto. Era bastante interessante. Então essa era a configuração de um projeto que a gente acha que, pela relevância, pela parceria, pela complexidade, é um projeto especial. No atendimento imediato o atendimento à empresa diretamente, o atendimento imediato é curto, e por fim o atendimento em grupos de empresa. aí é o caso dos arranjos produtivos locais. Nós tivemos uma experiência em Timóteo com dez empresas, era um financiamento da Fundação Acesita com o Sebrae Minas. Foi um projeto com duração de um ano, com a participação de doze professores e alunos. É uma linha de produtos para um grupo de empresas de Timóteo na área de aço inox. Então são essas experiências muito ricas que a gente está o tempo inteiro produzindo. Agora a gente está numa fase de registrar isso em forma de arquivos, de artigos, participação em eventos, em congressos, para registrar essa experiência de gestão do design, de implantação de projetos de gerenciamento não ó do processo do design, mas também das negociações, que isso, ninguém define em lugar nenhum, é complicado. E a gente aprendeu muito nessa etapa.
Ah, o que nesses dois anos e meio rendeu de financiamento, revertido para a comunidade acadêmica, quem gerencia a parte financeira não somos nós, é a Fundação Renato Pereira, que é da universidade. Nós captamos esses recursos em forma de bolsas, de consultorias, de pagamento de professores e alunos, R$ 320.000,00.

O que é pouco...

O que é pouco em tese. Mas se você pegar um projeto da Cemig é um projeto avaliado em R$ 700.000,00. Isso nós dá uma tranquilidade, porque quando se fala em crise não tem isso, não tem aquilo, não tem computador, não tem mobiliário, não tem espaço, e a gente mostra que é possível sim. Porque graas a esses financiamentos que entraram, eles que bancam nossos computadores, nosso material de consumo, as bolsas dos alunos. Então nós estamos hoje com uma média de 16 a 20 alunos bolsistas. Então isso é muito pouco, a gente quer ter um número muito maior de bolsistas. Espero que na nova sede que a gente vai ter um espaço maior, que a gente vai ter uma possibilidade melhor de organizar, que a gente possa também ampliar o número de vagas da gente. Por que eu quero que agora entre o pessoal de ambiente que ainda não entrou.


Qual foi a evolução do mercado de sua graduação até hoje?
Eles reconhecem o designer ou há muito a se evoluir ainda?

Acho que é falho, acho que tem muito a evoluir, muito já evoluiu graças a essas tantas ações que foram feitas. Porém, ainda existe uma deturpação. Ora por parte da imprensa, ora por parte de alguns designers medíocres, que insistem que design é algo fácil de fazer, ou design só está ligado à estética do produto, ou à questão da arte. Tem muito picareta fazendo design mal, muito mal. E tem muitos empresários desinformados, talvez por não terem uma visão de uma política de desenvolvimento de produto. Cabe à nós contribuir com esse discurso.
Eu vejo que muitas coisas aconteceram, principalmente nos últimos oito, dez anos. Não ó nacionalmente, como em Minas Gerais também. Basta você ver que hoje nós temos dentro da escola esses centros em funcionamento dentro da escola, com áreas de expertise muito claras, o Centro de Design de Madeira, o Centro de Gema de Jóias que hoje tem laboratórios importantíssimos e parceria com a Anglo Gold. Isso dá uma dimensão de como o mercado em certas áreas vem crescendo. Sem dúvida nenhuma, por exemplo na área de design gráfico já existe o design gráfico com a cara mineira de qualidade. Graças exatamente a esses tantos anos que se produz uma boa performance no uso do design gráfico. No caso do produto, como a factibilidade produtiva de um produto é mais difícil, porque você requer um investimento maior, ele é realmente ainda passível de muita coisa a se fazer.
Mas se for pensar em relação ao meu tempo como alunos informados, não existia, e a prova é que ninguém na minha turma se tornou designer, cada um foi fazer...o que foi... Eu fui o único que fiquei na Academia. O resto foi desenvolver outras funções, menos design. Em compensação, eu vejo hoje alunos recém-formados aqui, se eu pegar a turma do semestre passado, 70% estão trabalhando com design. Isso pra mim é um dado extremamente relevante. Agora, ainda temos um longo caminho pela frente. Um desses caminhos eu acho que vem quando vem de uma ação governamental, por exemplo, como no passado houve uma ação do CETEC, mas era isolada, hoje você tem por exemplo a Rede Minas de Design que é uma ação do governo do estado, onde a UEMG é uma das responsáveis por ele. A primeira rede que vai acontecer é na área de design de moda, onde o responsável é Centro de Estudo de Móveis de Madeira, que é na Escola de Design. Então quando eu vejo isso, vai se associando à competência da capacitação, que a escola melhorou, ela melhorou porque capacitou mais seus professores. Cada vez mais está capacitando seus professores, os alunos também estão melhor capacitados, porque você tem uma filosofia e um plano do que você está formando, qual é o nosso cliente profissional, que perfil é esse. Agora o que deixa a desejar na questão da infra-estrutura é cruel. Isso é cruel, mas é um problema que não depende da gente. Então vamos fazer o que nos compete, que é competência.


Qual sua visão sobre o novo currículo da escola?


Eu participei de quatro currículos desde que estou na escola. O meu e mais três, já como professor. O currículo vigente até então, passou por modificações, mas não se podia mexer em documentos do MEC. Muitas disciplinas saíram de lugar. Algumas do décimo para o terceiro período. Para se ter uma idéia do quanto é difícil um currículo que foi pensado em 81 e foi implantado em 87, depois de passar por modificações nos anos noventa e chegar ao que vocês estão cursando.
É natural que depois de dez anos de encontros nacionais entre os dirigentes das escolas chegasse a um novo documento de consenso. Esse documento traçou não mais currículos mínimos como é o que estava vigente, mas conteúdos mínimos, divididos em quatro grandes categorias do curso. Esse novo currículo tem uma vantagem: ele não trabalha com disciplinas, mas com matérias, que trabalham com conteúdos, e esses conteúdos são abertos. Havia equívocos do tipo de disciplinas específicas vindas da engenharia. Hoje isso não tem sentido. Há uma abordagem chamada processos produtivos, que permite colocar projetos com interfaces da eletrônica, novas tecnologias. Não é mais o nome da matéria que restringe o conteúdo. Trabalha-se a idéia de se criar uma mentalidade que vai construir a noção do que é a teoria do design.
Esse novo currículo é muito mais flexível. Às vezes alguns alunos pensam que tiraram matérias. Não, não tiraram, apenas ampliaram-se os conteúdos. Quatro metodologias de projeto não têm mais sentido. Pode-se resumir isso e se voltar para outras áreas do conhecimento. A metodologia só tem sentido quando ela é aplicada aos conhecimentos.
A prática projetual deve dar as diferentes visões do que é a atividade real. Em produto isso significa atender todas as áreas industriais, independente do setor. Isso deve estar contemplado não no nome das disciplinas, e sim no seu conteúdo.
Outra vantagem é que esse novo currículo faz um envolvimento maior da comunidade acadêmica, seja através da extensão ou através da pesquisa. Nos permite, ao longo do tempo, modificá-lo em funções de nossas necessidades, o que nos dá uma tranquilidade maior. Pode-se criar um vínculo muito maior e diversificado com a área do conhecimento, do que no passado.


Em relação às mostras, vemos que hoje em dia elas não existem. Por que?


Existem. Eu vou te dizer porque. Nós fizemos três exposições em parceria com o Sebrae. A primeira, em 2001, houve um grande seminário junto com a exposição, que trabalhava o que havia de melhor em termos de design gráfico e de produto. Na era uma exposição puramente acadêmica. Foram convidados ex-alunos, que estão no mercado. A segunda foi no Minas Centro, já com 450 m 2 de exposição, com curadoria minha e da professora Bernadete. O terceiro MinasTec foi uma solicitação do Sebrae para divulgar o seu núcleo. Aí perdeu um pouco o caráter de divulgar a escola. Porém existem outros eventos em que estamos pensando em fazer, mas sem recuperar aquela mostra acadêmica e sim elaborar mostras mais temáticas. E isso eu prometo fazer, porque quero comemorar os três anos do centro IDE com uma bela exposição temática.


Como é a relação da escola com o governo?


Eu não vejo como uma relação fácil, até porque, a universidade é o patinho feio do governo. Se houvesse uma relação maravilhosa, faria como a UNESP, em que se tem uma destinação de ICMS pela lei, e a lei é cumprida. Com isso vai se manter a qualificação de seus professores, a qualidade das instalações e a sua manutenção com equipamentos, máquinas, laboratórios. Agora, eu sou uma pessoa muito esperançosa, porque nesses últimos 25 anos da minha vida eu trabalhei em cima das dificuldades. Eu me lembro de quando o professor José Olímpio vendeu um monte de ferro velho para pagar o salário dos professores. Então isso pra gente é antigo. O que vier em questão de equipamentos ou prédio novo é novidade.
Se não fosse tão difícil, eu não estaria montando a infra-estrutura que estou. Eu, meus colegas e os alunos que trabalham comigo. Então, eu vejo essa relação como um momento para exigir. O jogo político não é problema meu. Eu espero que mude essa configuração.
Esse novo governo, pelo menos, tem algumas ações de design que estão sendo levadas a sério. Eu parto do princípio em que estamos em um momento em que está iniciando aquilo que chamaria de melhor. Uma coisa que nunca teve. Está vindo aí um plano de carreira, concurso para professores, a possibilidade de um mestrado em design, a capacitação de professores. Eu estou vendo que há uma intenção da atual gestão da reitoria de tentar refinar essa série de coisas. Mas nem sempre isso é possível. Nós vamos crescendo dentro dessa perspectiva, e vamos crescendo. Eles mesmos não sabem o que a gente faz, e quando sabem eles tomam susto.
É interessante falar que a escola foi uma das convidadas a participar da próxima Bienal de Design e, foram mandadas a ela oitenta pranchas de trabalhos de gráfico e de produto. Isso vai dar uma repercussão fantástica,porque há uma belíssima qualidade de trabalho. Então, que sabe se essas ações recentes e as ações programadas, não venham a colocar a Universidade no lugar em que deveria estar. Em um lugar prioritário para o governo. Me parece que esse momento de comear
a construir algo novo está por vir.


Por que não se vê um relacionamento da UEMG com outras faculdades do Brasil e do exterior?

Eu vou te dar dois dados muito interessantes.
O professor Dijon de Morais acabou de lançar um centro de cultura do Estado. Ele tem um relacionamento com dez instituições européias e mais dez a quinze nacionais. Isso é um belo de um começo. Outro dado coerente que eu tenho é que nós estamos com uma parceria de professores que dão cursos lá fora, levando, de certa maneira, o nome da escola. Nesse nosso relacionamento com a UDESC (Universidade Estadual de Santa Catarina ) temos uma proposta de fazer o primeiro fórum nacional de todas as escolas estaduais de design, a UERG, UEBA, UEPA, UEMG.
Queremos dizer quem somos nós, universidades estaduais de design, o que fazemos e o que queremos. Numa segunda reunião, programada para o ano que vem em Santa Cataria, queremos discutir a idéia de se criar uma associação nacional das escolas estaduais de design. aí se pretende criar uma rede, para todo o mundo, com uma revista eletrônica indexada ao novo site da Escola. Ela teria, então, valor técnico-científico e, por isso, seria aprovada, apoiada e regulamentada. Assim, não só haveria um relacionamento de estudantes e professores, mas uma ligação entre todos os centros. Essa coisa mineira de ficar trabalhado em silêncio é muito cafona, é do passado. Eu acho que essas últimas ações que estão sendo feitas vão
ter uma relevância muito grande nos próximos dois anos.
Sinceramente eu acredito nisso.

Sunday, November 26, 2006

Marcia Larica

Entrevista com a designer Márcia Larica

concedida em junho de 2005 a Mariana Henriques, Marina Santos, Bruna Rodrigues, Lívia Maria, Vinícius Agostini - 5º DG Manhã - UEMG


Como e onde você aprendeu design?

Acredito no aprendizado como um processo contínuo e amplo, que não se interrompe com a conclusão de um curso acadêmico. Estudei desenho industrial na FUMA, fui bolsista do CNPq no Laboratório Brasileiro de Design em Florianópolis e iniciei o mestrado MA Typo/graphic Design na London College of Printing em Londres, que não conclui. Tenho experiência profissional diversa, trabalhando como designer em televisão, em empresas de design gráfico, em agência de publicidade e no próprio escritório. Somando tudo isso posso dizer que tenho aprendido a cada dia, seja trabalhando com outros profissionais, trocando informações, estudando, pesquisando, lendo, fazendo.

Qual era o contexto do design quando você era estudante?


Se hoje a função do designer já não é bem entendida, principalmente em Minas Gerais, quando eu fazia o curso de graduação tudo era bem mais desconhecido. Design naquela época era algo quase ?utópico?, principalmente design de produto. Pouquíssimas ofertas de trabalho na área, ensino precário, quase nenhuma publicação em português, entre outras dificuldades. Como você usou o que aprendeu? Apesar de ter graduado em design de produto, segui o design gráfico. Tento aplicar em meus projetos, além da parte técnica, os fundamentos que acredito: ética, profissionalismo e envolvimento.


Como você se desenvolveu na vida profissional?

Fiz estágios, trabalhei com profissionais mais experientes de diversas áreas, sempre com muito interesse e dedicação.

Qual trabalho seu você considera o mais importante da sua carreira? E qual foi o que mais gostou de fazer?

Não existe o trabalho que eu considere "o mais importante", ou o que "mais gostei", mas existem projetos em que "acertamos" mais, que vamos além. Neste sentido o Álbum de Figurinhas do MHAB - Museu Histórico Abílio Barreto simboliza bem esta situação. O cliente solicitou um folder com a programação mensal do Museu e a solução que apresentei foi o álbum, que hoje já está na 7ª edição e é um material de referência, extrapola a temporalidade, divulga as atividades do MHAB .

Entrevista com Eliseu de Rezende







Entrevista a Eduardo Oliveira, Gustavo Henrique, Luciano Baeta, Rafael Rezende, Ruy Adorno - 5º DG – manhã-UEMG- Julho 2005

Eliseu Rezende formou-se em Desenho Industrial na FUMA, em 1981 e hoje está na coordenação do curso de graduação em Design de Produto da FUMEC, em Belo Horizonte.

Qual era o contexto do mercado de design na época da sua formação e o que se falava das possibilidades para o formando?

O contexto era visionário. Não se falava em possibilidades e as pessoas, por incrível que pareça acreditavam muito na paixão, acreditavam naquele ideal da profissão. Deve ser muito do que se via da profissão em outros estados ou paises...

Do que você aprendeu na escola o que foi mais importante para sua carreira?

História da arte, modelagem, desenho geométrico, a parte técnica de metais, madeira, processo de automação, estética. Basicamente isto.

E o que foi menos importante?

EPB, geometria descritiva.

Como você empregou o que aprendeu na escola? Na prática foi muito diferente ?

Completamente diferente da escola. Na vida profissional, na verdade, abre-se outro caminho de aprendizado também. A prática do relacionamento com as pessoas, a parte de psicologia, de vendas, precisamos vender nosso produto. Vocês querem dizer, como apliquei o que aprendi, né? ...

Sim...

No tranco, quando você sai da escola a gente percebe na nossa experiência pessoal e na experiência dos outros (agora que eu estou vendo formando as primeiras turmas daqui) que é um período de grande insegurança, eu acho que na maioria das profissões. Na verdade a gente se julga incapaz para tanta coisa, você traz isso latente. A partir do momento em que você se solta para o mercado, cadê a retarguada que a gente tinha durante a faculdade: os professores etc... Mas eu aprendi foi no tranco mesmo, quebrando cabeça.

Para o melhor aproveitamento da época de estudante, para o pessoal de agora, o que você sugere para formação desse profissional? Conciliar estágios com a faculdade, a faculdade e outro curso a parte?...

Você tem que aprender uma língua estrangeira, de preferência objetivar, fazer um curso fora do Brasil. Participar de feiras, exposições. Se armar tanto da bagagem técnica, da capacidade criativa e projetual quanto da capacidade cultural também. Você tem que ter um linguajar forte e fazer cursos nessa área de humanas, de relacionamento, de vendas.

No mercado atual, quais são as melhores opções de trabalho que você vê na área de design de produto e gráfico?

A mídia. O setor publico. Secretarias. Eletroeletrônicos (são poucos mas tem alguns). O setor de plásticos está com interesse nessa área. Uma fatia, mas tem que ser muito bom, para eletro, indústria automotiva. Embalagens está crescendo. Joalheria.

Para terminar, você acha que existe um perfil de aluno que melhor se dá nessa profissão e um perfil que não dá conta depois?

Não, eu acho que as pessoas podem nos surpreender. Então não tem um tipo de pessoa, de DNA, que determina: esse é um designer. Cada um é um tipo de designer. Tem uns que são minuciosos, detalhistas. Outros conseguem pegar coisas maiores. Acho que depende da aptidão e da vontade. Para aqueles que são mais religiosos, depende do carma. Não tem que desistir não, tem que ter estrela também. É uma profissão difícil, mas é gratificante e existe mercado. Como toda profissão, para ser um grande profissional você vai passar por um longo processo de seleção durante 10, 20 anos...